27 de outubro de 2012

A rosa de Hiroshima

(Vinicius de Morais)

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada.


22 de julho de 2012

Inocentes vítimas

As crianças não dormem mais,
elas tem medo, 
medo dos monstros que possuem armas, 
monstros que matam os seus semelhantes,
irmãos de raça.
Se inicia a caça,
sangue derramado,
vidas desperdiçadas.
Na guerra ninguém ganha, 
sempre há perdas, 
perdas irreparáveis
Já esqueceram-se dos motivos de fazer isso,
mas a luta continua.
Todos perdem,
perdem-se vidas, sonhos, esperanças, perde-se PAZ.
Pobres inocentes sem voz,
resta-lhe apenas o medo.
Enquanto quem iniciou a carnificina, 
sentado confortavelmente espera o resultado.

"Somente os mortos viram o fim da guerra."

1 de julho de 2012

Escuridão foi o que restou

A luz que aqui existia 
Apagou-se
As trevas apossaram-se 
do que estava iluminado

Tateio no escuro 
A procura de algo que 
ainda não sei o que é

As sombras estão por todo o lado
Mas o sol está distante
Aqui está frio
Apenas neblina

Sem caminho a seguir
Meus olhos não mais enxergam
As coisas estão distantes
Continuo aos tropeços

Fogueiras são acesas para iluminar e esquentar
Mas apenas conseguem me sufocar
Pura fumaça
do fogo que apagou-se

O calor que existia
era do teu corpo
Agora que tu se retirou
Nada mais me aquece

Te dei meu coração
Te dei o meu amor
Mas com ele tu apenas brincou

A luz vinha dos teus olhos
Agora eles estão distantes
Eles não mais me veem...
Nossos olhares não se encontram

Te dei meu amor
Tu se foi e me deixou apenas dúvidas
Sem palavras, sem um final
Sem despedidas

Interrogações em forma de forca
Perguntas sem resposta
O teu silêncio dói

Tu se foi
e apagou a luz
O que foi que aconteceu?
Diga-me!

Dê o tiro de misericórdia
Mas não deixe-me aqui agonizante

Pura neblina
é tudo o que vejo
Está escuro
Não vejo caminho

Cairei em buracos
por não mais enxergar
Não existe nenhuma mão
para me auxiliar

Um dia minha visão se acostumará
Um dia alguma luz será acesa
por mais fraca que ela seja

O que aconteceu?
Algo morreu
O teu amor?
Se ele acabou é porque nunca existiu

7 de junho de 2012

Harlot




Seu coração é morada dos demônios,
mas até os anjos desejam tocá-la.
Desejo é o que a move, é tudo o que há.
E assim ela foi levada pras sombras.
No escuro é que as coisas mais insanas acontecem.


Darkicismo

Era um cara tão dark que era cético de sua darkice.
Dark nas ações, no visual, nas atitudes, no falar, no paladar, no humor...
Era dark antes de existir o dark!
Feijão tinha ser preto, fruta tâmara, doce: bolacha negresco, perfume dark-noir.
Era dark em tudo.
Era surrealmente dark em seus pensamentos!
"Acordei com vontade de morrer de vontade de não ter vontade..."
Ah que carisma, que poeta mórbido... 
Era dark taciturno, noturno com comentário moribundos.
"Eu sou tragi-cômico ha ha ha!"
O dark se casou com uma bruxa mulata fake, para azar.
"Trágico", disse seu Omar, que era negro na alma apesar de papa defunto.
"O amor é a morte o corvo representa?"
"Umbra é coisa de macumba?"
Eles e suas darkices...
Esquelético em sua morbidez-palidez.
Morreu numa sexta-feira 13, com nuvens no céu.
Na sua lápide: uma pessoa extrovertida, feliz da vida...
No umbral se encontrou com Nix que se encantou, mas Nix era Botafogo e ele Corintiano, mas não era guerreiro, se deu mal.
Afinal o que é Mal-mau na rave Goth-electro é de morte.
Imaginava que tinha distimia...
Nascido de pais passionais, Morgana era sua mãe!
Amordaçava, não abraçava, quando aprontava.

Esse dark nasceu dark, viveu dark, morreu dark.
Tumba la ca tumba doce me acude.
Humor negro!
O dark-cético virou caquético.




Escrito por Luis Alexandre Pugliesi